Na razão direta em que o homem progride na sua evolução ascensional, diluem-se mais as linhas divisórias entre ciência, filosofia e religião, múltiplas e, não raro, antagônicas na sua base, porém unidas e idênticas no seu vértice.
Pitágoras baseia toda a sua filosofia na concepção da "harmonia dos números", o que, expresso em termos hodiernos, quer dizer que a última realidade do Universo não é constitutiva do mundo não é uma partícula material – digamos o "átomo" de Demócrito -, mas um centro energético, um foco dinâmico de forças em equilíbrio. A realidade não se consiste propriamente em um "ser", mas em um "devir", "torna-se". A realidade é um incessante "devir", e não um permanente "ser". A lei da bipolaridade é que é o substrato e a íntima estrutura de todas as realidades do mundo fenomenal; o par e o ímpar. O positivo e o negativo, o masculino e o feminino, a atração e a repulsão, o amor e o ódio – é esta universal "identidade dos opostos" que mantém o mundo inteiro no plano do ser e do agir, em um permanente e imperturbável equilíbrio dinâmico.
A realidade do mundo numeral, porém, é anterior a essa bipolaridade; é a grande TESE que precede tanto a antíteses como também a síntese.
A realidade do mundo fenomenal é, para Pitágoras, equivalente a harmonia. Harmonia, porém, supõe tensão, força centrípeta, derivadamente equilibradas. Se uma dessas forças contrarias de tensão prevalece sobre outra, acabaria tudo em caos("pecado no plano consciente"); se não houvesse tensão alguma, teríamos uma imensa monotonia estática, o que, de fato, equivaleria a irrealidade, ao nada absoluto. Mas a realidade não é nem um caos nem uma monotonia, mas sim, uma harmonia, ou seja, um jogo de antíteses sintetizadas, unidade na variedade.
Ora, confrontando estas idéias filosóficas da antiguidade com as recentes descobertas da física nuclear de nossos dias, verificamos uma surpreendente similitude de conceitos, para não dizer, uma perfeita identidade.
A conhecida fórmula einsteiniana E= mc² pode ser considerada como a certidão de óbito da matéria estática, e, com isto, do dualismo do universo. Não existe matéria, no sentido tradicional. Matéria é energia em estado condensado ou congelamento. O elétron é, na física nuclear, o primeiro foco energético condensado em "matéria”, o berço e gerador do chamado mundo material, o "átomo" de Demócrito traduzido em terminologia moderna. Mas esse "á-tomo" (in-divisivel) não é um verdadeiro átomo, se não apenas um pseudo-átomo. O verdadeiro átomo seria a pura Realidade, quer tomemos a palavra átomo em sentido material (Demócrito) quer em sentido energético (Pitágoras).
O fundamentalismo último do mundo não pode consistir no infinitamente simples por vacuidade, mas no infinitamente simples por plenitude, não no tenebroso abismo do nadir, mas na luminosa altura do zênite, não no nada, mas no todo criador (DEUS).
Não pode o homem tentar através da ciência, chegar a principio inicial que a tudo e a todos gerou (DEUS), nem pode o homem tentar definir algo que é indefinível aos olhos humanos. Não ira o homem conseguir definir o "ponto" da criação do universo, pois tal "força" não é estática, ela é constante em sua plenitude, força e sabedoria.
Pensamentos retirados do livro de Huberto Rohden